Milonga

MILONGA—— MUSÍCA GAÚCHA



Introdução

Rio Grande do Sul, uma terra muito especial do Brasil, tem muitas coisas diferentes de outras partes do Brasil. E música não é uma excepção. Aqui, não só existem Samba e Bossa Nova, ainda tem um tipo de música que se chama milonga.

Milonga é um gênero de música e dança folclórica na Espanha e em várias partes da América Latina, principalmente Argentina, Uruguai e Rio Grande do Sul do Brasil, evidenciando o intercâmbio cultural entre estes povos. É cantada com acompanhamento do violão, fazendo parte da musicalidade dos gaúchos sul-americanos para expressar suas emoções, sentimentos e lides no campo.

Também na Argentina o local onde as pessoas vão dançar Tango, é chamado de Milonga, neste mesmo local são dançados ambos os ritmos.

Origem e História
Milonga originou-se de uma forma de canto e dança da Andaluzia, Espanha, que, nos fins do século XIX, popularizou-se nos subúrbios de Montevidéu e Buenos Aires. Tem  origens musicais de Guajira , Candombe e Habanera. É definida como “uma espécie de música crioula platina, cantada ao som daguitarra (violão)”. Devido à proximidade entre Buenos Aires e Montevideo, facilmente adentrou o Uruguai, integrando-se à cultura deste país. Em seguida, chegou ao Rio Grandedo Sul transportanndo as fronteiras do estado com a Argentina e o Uruguai, ao som do violão, o acompanhamento predileto dos declamadores gaúchos. Também se diz que milonga tem uma origem africana, visto que milonga signifava “palavras” em Bantu.

Características
Contém elementos da música africana em sua constituição rítmica e influências de chegadas de danças europeias e crioulas em Buenos Aires e Montevidéu. 

Milonga tembém é um ritmo de dança onde se dança tango num estilo dolente e "malandro". A milonga no Rio Grande do Sul é dançada com a marcação de 2 e 1, duas marcações feitas com uma perna e a outra fazendo deslocamento com um passo para frente ou para trás.


Relação com o Tango
Para mim, Milonga é uma música melosa, sentimental, gostosa de ouvir e dançar, mais sensual que o tango. O tango e milonga estão fortemente relacionados entre si. Dizem que o tango é a versão mais lenta da Milonga. Mas ainda há diferenças entre eles. Embora tanto a milonga quanto o tango são compasso 2/4 ou 4/4 , 8 colcheias da milonga estão distribuídas em 3 + 3 + 2, mais rápido do que Tango.

Toma compasso 2/4 por exemplo.Se dividir uma semínima de cada compasso em 8 semicolcheias, normalmente só tem dois acentos em cada compasso, como
1  2  3  4  5  6  7  8
Mas os acentos de Milonga são mais diversificados 
1  2  3  4  5  6  7  8
Ou
1  2  3  4  5  6  7  8


Depois que conhecer a Milonga, vamos ouvir uma milonga cantada por Vitor Ramil, Ramilonga- A Estética do Frio.
 Vitor inaugura as sete cidades da milonga: Rigor, Profundidade, Clareza, Concisão, Pureza, Leveza e Melancolia. Através delas a poesia de onze “ramilongas” percorre o imaginário regional gaúcho mesclando o linguajar gauchesco do homem do campo à fala coloquial dos centros urbanos. A reflexão acerca da identidade de quem vive no extremo sul do Brasil começa pela recusa ao estereótipo do gauchismo; o canto forte dá lugar a uma expressividade sofisticada e suave; instrumentos convencionais são substituídos por outros, como os indianos e africanos, nunca antes reunidos neste gênero de música. 

Ramilonga
Vitor Rami


Chove na tarde fria de Porto Alegre
Trago sozinho o verde do chimarrão
Olho o cotidiano, sei que vou embora
Nunca mais, nunca mais

Chega em ondas a música da cidade
Também eu me transformo numa canção
Ares de milonga vão e me carregam
Por aí, por aí

Ramilonga, Ramilonga

Sobrevôo os telhados da Bela Vista
Na Chácara das Pedras vou me perder
Noites no Rio Branco, tardes no Bom Fim
Nunca mais, nunca mais

O trânsito em transe intenso antecipa a noite
Riscando estrelas no bronze do temporal
Ares de milonga vão e me carregam
Por aí, por aí

Ramilonga, Ramilonga

O tango dos guarda-chuvas na Praça XV
Confere elegância ao passo da multidão
Triste lambe-lambe, aquém e além do tempo
Nunca mais, nunca mais

Do alto da torre a água do rio é limpa
Guaíba deserto, barcos que não estão
Ares de milonga vão e me carregam
Por aí, por aí

Ramilonga, Ramilonga

Ruas molhadas, ruas da flor lilás
Ruas de um anarquista noturno
Ruas do Armando, ruas do Quintana
Nunca mais, nunca mais

Do Alto da Bronze eu vou pra Cidade Baixa
Depois as estradas, praias e morros
Ares de milonga vão e me carregam
Por aí, por aí

Ramilonga, Ramilonga

Vaga visão viajo e antevejo a inveja
De quem descobrir a forma com que me fui
Ares de milonga sobre Porto Alegre
Nada mais, nada mais

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